quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Para ser feliz no amor, é preciso perder o medo de arriscar

Não deixe seu coração guardado. Para se abrir para um relacionamento, você precisa ser ousada, livrar-se de incertezas e medos. O prêmio compensa.







Trata-se de um paradoxo feminino do nosso tempo: ser feliz no amor é um dos maiores desejos das mulheres e também uma das últimas prioridades. Na frente dele costumam vir carreira, dinheiro, estudos... Por que será que a gente não se apaixona de vez pela ideia de jogar todas as fichas, mesmo sob o risco de perdê-las? É que, às vezes, nossas atitudes camuflam incertezas e medos - mas dá para se livrar de cada um deles.
E se ele não for o homem certo?
Para o psicólogo Thiago de Almeida, terapeuta de casais e autor de A Arte da Paquera: Inspirações à Realização Afetiva (Letras do Brasil), a alta seletividade é uma característica tipicamente feminina. "É próprio da mulher projetar em todo parceiro o futuro pai de seus filhos, ainda que esteja em um relacionamento casual. Por isso, sempre vai escolher muito." Esse comportamento, que chega a ser instintivo, é ótimo para ajudar nas escolhas, mas pode fazer com que nunca ache um pretendente bom o bastante. Em vez de considerar se ele é ideal, vale mais se perguntar com quais características você pode conviver e com quais não pode. Não adianta pensar que quando casar sara, porque ninguém muda ninguém. "Há características que vêm com o tempo, como maturidade, estabilidade financeira e sucesso. Outras são extremamente pessoais e intransferíveis, como caráter e vontade de crescer. Isso não se conquista", afirma a psicóloga e escritora Olga Tessari, autora de Dirija a sua Vida sem Medo (Letras Jurídicas).
E se eu me machucar?
O movimento natural para quem já sofreu demais por amor ou acolheu amigos desesperados de dor é recolher-se e concentrar-se na carreira. Assim a cabeça fica ocupada - mas a vontade de ser feliz no amor continuará lá, esperando um momento de fraqueza para pedir atenção. Há o risco também de acabar acreditando que não tem sorte nesse jogo e, por isso, nem vale a pena arriscar. Não é porque você sofreu com um que vai ser infeliz com todos. É preciso entender de onde vem tanto pessimismo - pode ser sinal de autoestima debilitada - e agir para neutralizar o inimigo interno. "Talvez você tenha se anulado nos relacionamentos anteriores para agradar ao outro e comece a perder a confiança em si mesma. Ou talvez acredite que ninguém poderá amar você do jeitinho que é", diz Olga.
E se eu perder minha independência?
Para a psicoterapeuta Lidia Aratangy, autora de O Anel Que Tu Me Deste: o Casamento no Divã(Primavera Editorial), adiar o amor não é ruim, apenas comprova a evolução do papel feminino na sociedade. "As estatísticas apontam que as mulheres estão estudando mais e têm empregos melhores. Antes, casavam-se muito cedo e, quando não conseguiam, eram tachadas de solteironas. Hoje, a autonomia financeira e emocional é uma regra - ninguém quer viver à custa do marido. Por isso, é natural que a busca pelo sucesso profissional seja prioridade. O casamento pode esperar ou, aliás, nunca acontecer", diz. A preocupação com a perda da independência é legítima também quando se vem de família controladora - o pai não queria que a filha trabalhasse, a mãe regulava demais os horários. Então, se você experimenta o gostinho de poder se bancar, teme voltar ao controle máximo. Há um período intermediário em que gostoso mesmo é cuidar de si mesma. O que não vale é deixar que esse pequeno prazer impeça você de compartilhar a vida com alguém. E se ele não quiser nada comigo? Houve um tempo em que era de bom-tom aguardar o pretendente feito uma princesa encastelada. Hoje, na conquista, temos direitos e deveres iguais. Quem quer um amor corre atrás. Se não acontecer, pense como uma profissional em busca de um excelente emprego: não é você que precisa se modificar para tentar se adequar; a empresa Homem S.A. é que deve servir aos seus interesses. "O segredo é procurar uma boa matéria-prima para que, com a convivência, um se amolde ao outro sem se fundirem", diz Lidia.
Depoimento
"Meu primeiro amor foi aos 15 anos e, como toda adolescente, achei que tivesse encontrado um príncipe. Durou três anos. Depois dele, passei anos procurando o homem ideal: lindo, romântico, bem-sucedido, compreensivo e maduro. Uma ilusão que sempre terminava em frustração. De tanto sofrer, deixei de acreditar nos homens. Um dia, entrei em uma sala de bate-papo na internet e descobri afinidades com o Carlos. Mesmo assim, levou um tempo até que eu tomasse coragem para conhecê-lo pessoalmente. A vontade era de fugir, mas resolvi arriscar. Poderia dar certo! Com apenas oito meses de namoro, passamos a morar juntos. Completamos um ano e dois meses e já fazemos planos de nos casar e ter filhos. Nunca fui tão feliz."

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